Setembro Amarelo, uma experiência de meses de saúde mental despedaçada

Vendo o mês inteiro as pessoas falando de Setembro Amarelo e Prevenção ao Suicídio, eu queria falar um pouco sobre saúde mental e trabalho.

Em 2013, mudei meu local de trabalho, dentro da mesma empresa. Sai de um lugar que eu amava trabalhar, com um assunto que eu amava da mesma forma. Mas me vi em busca de novos desafios, um salário melhor e crescer na empresa. Consegui uma boa oportunidade, com um gerente que eu não conhecia e em uma área que eu não tinha muito conhecimento, mas me coloquei totalmente à disposição para aprender. Fui muito bem recebida e comecei um período de aprendizagem, com um projeto grande.

Após um curto período, percebi que aquela forma de lidar do meu novo chefe, principalmente com os subordinados, não me deixaria ficar à vontade no ambiente. Grosserias, piadas de gosto duvidoso, com aquela pitada de machismo e homofobia. E ai começaram as cobranças sem cabimento, voltadas só pra mim: sobre horários de ir ao banheiro, volta do almoço, tudo e qualquer coisa. Em seguida, comecei com uma tendinite muito forte e precisei de uma licença médica. Psicossomático? Talvez. A questão é que a tendinite ia e voltava, começou no pulso e subiu pro ombro, a dor era impossível de conviver. Muitos médicos, muitos exames, muitos remédios...  

Um diagnóstico de fibromialgia, crises de ansiedade e uma depressão.

A partir desse trio de diagnósticos e muitos atestados médicos, meu gerente cobrava cada falta minha como seu eu estivesse mentido, fingindo dores e crises. Me fazia ir ao departamento de perícia médica da empresa pra confirmar minhas doenças. Cobrava cada minuto de ausência, enquanto eu tinha crises de pânico no banheiro do andar, cada vez que o via junto à um outro gerente. Isso começou depois que pedi uma reunião com esse gerente e meu chefe, pra explicar o que estava acontecendo e como ele poderia ajudar com essa situação insustentável. Ganhei caretas e uma pergunta: "você já tentou um endocrinologista? Isso pode ser sua tireoide.". É, o assédio moral que estou sofrendo a meses está aqui me dando sintomas de hipotireoidismo. É isso que se aprende de empatia no RH das empresas. Saúde mental? Não, obrigada.

Ah sim, eu fui na Ouvidoria Interna da minha empresa. Quem sabe eles me ajudavam. Então eu ouvi: "Você tem certeza? Você quer mesmo ir com isso pra frente? Isso pode prejudicar sua carreira.". Bem, eu desisti. Ainda bem que não acabou com a MINHA FUCKIN VIDA, não é mesmo?

Depois de meses e meses, desisti de lutar contra todas essas coisas e deixar que esse chefe vivesse essa vida dele, sozinho e passei a ignorar tudo que viesse dele, absolutamente tudo, e apenas fazer meu trabalho. E aparentemente por milagre, um antigo chefe me chamou para a equipe dele,  trabalhar com um assunto que eu amo. 

E fim dessa história. Apenas dessa. 

Preservem sua saúde mental. Só ela importa.


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