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Setembro Amarelo, uma experiência de meses de saúde mental despedaçada

Vendo o mês inteiro as pessoas falando de Setembro Amarelo e Prevenção ao Suicídio , eu queria falar um pouco sobre saúde mental e trabalho. Em 2013, mudei meu local de trabalho, dentro da mesma empresa. Sai de um lugar que eu amava trabalhar, com um assunto que eu amava da mesma forma. Mas me vi em busca de novos desafios, um salário melhor e crescer na empresa. Consegui uma boa oportunidade, com um gerente que eu não conhecia e em uma área que eu não tinha muito conhecimento, mas me coloquei totalmente à disposição para aprender. Fui muito bem recebida e comecei um período de aprendizagem, com um projeto grande. Após um curto período, percebi que aquela forma de lidar do meu novo chefe, principalmente com os subordinados, não me deixaria ficar à vontade no ambiente. Grosserias, piadas de gosto duvidoso, com aquela pitada de machismo e homofobia. E ai começaram as cobranças sem cabimento, voltadas só pra mim: sobre horários de ir ao banheiro, volta do almoço, tudo e qualquer coisa. E

História (feminista)

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   Uma garota que se tornou feminista em suas vivências e relações, descobre aos poucos que nem sempre é só isso que temos como a base de uma luta que grita aqui dentro. Suas bisavós, lutadoras de uma luta antiga, também tinham essa indignação dentro de si e gritavam pra fora. Também ouviram de outros que deviam se calar ou falar mais baixo. Talvez tenham ouvido coisas piores, como uma necessidade de se casar ou ter uma vida decente. Mas escolheram a luta, o ensino, a escrita e sua própria vida. Essas são as escolhas que a mulher que ela se tornou hoje também prefere fazer. Escolher suas próprias lutas e fazer suas próprias vontades prevalecerem, mesmo que isso seja uma escolha inconveniente. Seus homens, os que passam e os que ficam, aprendem a conviver e as vezes se debatem com essa forma de lutar pelas suas escolhas e lutas. Não será fácil, nunca será.

Início de Uma História - Suspensas

Marie terese sabia que, ao olhar para baixo, sua única reação seria a vertigem que já sentira tantas outras vezes. Mas, mesmo assim, tentou mais uma vez. Do alto da Igreja erguida em honra de Santa Terezinha, ela se sentia impotente, diante do céu imenso à sua frente. Marie se lembrava pouco de como tinha chegado ali, presa ao alto de uma das torres da igreja. Amarrada e vestida como uma freira. Em compensação, se lembrava de sua infância, passada na sacristia de uma igreja como aquela, em ricos detalhes. Se fechasse os olhos, e é como preferia estar naquele momento, podia ver o rosto do padre Antônio, sentir o cheiro de madeira na sacristia e até esquecer o vento forte no seu rosto. Ali, envolta em suas lembranças, sentindo vertigem, medo e impotência, Marie Therese adormeceu. Os policiais só perceberam que se tratava de uma pessoa amarrada ao chegar lá em cima. Algumas pessoas viram algo errado e ligaram para a delegacia. Primeiro, parceria um boneco, alguma brincadeira sem graça

11 de Setembro

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 Ela fechou os olhos, e lentamente se lembrou daquela manhã de 2001. Voltando pra casa dos avós, a pé, dentro do condomínio de casas, em meio ao frio de Teresópolis, em meio aos devaneios dos 20 anos. A Universidade Federal em greve, sem nenhuma perspectiva de voltar, incentivou a menina para esta viagem de "férias" para a casa dos avós. O condomínio, tranquilo, com piscina, a cidade, com sua feirinha de fim de semana e o melhor dos motivos: a companhia da avó querida e do avô taciturno, mas afetuoso, sempre. De volta aquela manhã de setembro, a caminhada da volta da piscicina, o frio batendo no corpo, os pensamentos soltos sobre a vida, o futuro, a faculdade. Chegando em casa, a televisão exibia um filme? Aviões batendo e explodindo, de encontro à um prédio muito alto. Mas o rosto das pessoas assistindo a tv, seus avós, não era de quem assistia um filme. Era real. Real. Um avião, depois o outro. As torres em chamas. Os momentos seguintes definem um década, uma geração.

5 meses - Quarentena

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É, meu bem. Cinco longos meses. Em casa, trancados, sem jantares em restaurantes, barzinho, parques ou viagens.  O que vamos nos tornar depois desse isolamento forçado? Diferentes, com certeza. Eu, um pouco mais mal humorada. Impaciente, as vezes. Mas um pouco mais tolerante, conscienciosa. Tive novas ideias? Tive. Coloquei em prática? Nem todas. Mas busquei algumas delas, de formas diferentes. Desenhei coisas novas , parei de bordar, comprei plantinhas novas para casa (matei algumas, outras consegui reviver). Comi bem, comi mal. Engordei, emagreci, engordei. Mas estou de boa com isso. Ou não né? Mas seguimos, sendo mulheres (oprimidas pelo mundo patriarcal...). Aprendi a cuidar da pele, conheci produtos novos, segui gente nova nas redes sociais (isso aqui vale um post). Me vi pensando em racismo estrutural, conhecendo Silvio Almeida e lendo, lendo, lendo. Assisti o Jornal de Casa , grande Camejo! Vi muito Gregório , ou um tanto de podcast (outro post, é muita coisa!) e cara, trabalh

Desenhar

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O desenho me faz em concentrar, me faz esquecer e focar em assuntos que estão voando na cabeça. Desenhar, concentrar e fazer as mandalas. Curvas e sequências, umas atrás da outra, uma seguida de outra. Ondas e cores que me levam para um modo de meditação e concentração. Foco.

Ócio na Quarentena

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Ócio na Quarentena. Não aguentamos mais, certo?  E o que as pessoas estão fazendo por aí? Fazendo comidas diferentes, aprendendo posições de Yoga, alongamentos, exercícios, lendo mais livros (ou começando a ler, não é?), aprendendo um idioma e mais e mais e mais. Isso não é ócio, é excesso de atividade, socorro.  Ócio substantivo masculino 1.  cessação do trabalho; folga, repouso, quietação, vagar. 2.  espaço de tempo em que se descansa. Será que podemos realmente aproveitar esse momento tão bizarro das nossas vidas, tão particular da civilização, para aproveitar o ócio? Para viver uma parte do ócio? Claro que estou falando de uma parte da nossa vida, depois de fazer o home office, de lavar, de cozinhar, de cuidar do corpo e tudo mais. Vamos de ócio?